Bons ventos devem continuar impactando a economia internacional em 2018. E o Brasil tem oportunidade para continuar tirando proveito de oportunidades, segundo análise do economista-chefe da Geral Investimentos, Denílson Alencastro.
Os Estados Unidos permanecerão implementando sua reforma tributária, com corte de impostos para alguns setores. Porém, no longo prazo, isso significará aumento do seu endividamento público. O dólar tende a se apreciar em relação a outras emergentes, especialmente com estimativa da continuidade da subida dos juros americanos, que deve acontecer mais três vezes ainda. Isso continua sendo algo gradual, por isso, é possível estimar manutenção do fluxo do dinheiro saindo de lá.
Um ajuste monetário também deverá marcar a Europa, com aumento dos juros previstos para 2019. Ou seja, a política de colocação do dinheiro no mercado tende a ser revista. Por sua vez, a China deve continuar crescendo na faixa de 6%, do lado da demanda, focando em investimentos e exportação. Com a manutenção esperada para a liquidez financeira internacional em 2018, segue a continuidade da expectativa de crescimento mundial na faixa de 3,7%, com os Estados Unidos crescendo na faixa de 2%.
Por sua vez, o Brasil continua preparado, devido suas reservas de dólar, para acompanhar esse movimento. O CDS Brasil, que mede o risco médio do país, está no mesmo nível em que estava quando obteve o grau de investimento (entre abril de 2008 e setembro de 2015), hoje a 171, apesar do endividamento público estar aumentando.
Outro dado importante a ser citado nesta análise é de que a taxa de juros real no Brasil está a 2,34% (nov/2017). Esse nível indica que já estamos praticando um juro abaixo do considerado neutro ou de equilíbrio, mas ainda é possível manter isso porque a economia não está respondendo. Ou seja, a queda que aconteceu nos juros ainda não se refletiu na economia, e isso abre oportunidade para determinados setores e empresas. Outro dado que reforça esse cenário é o nível de capacidade instalada bem abaixo da média de 81% (está em 74,2%).