. . Carta do Gestor: As olímpiadas, o cenário econômico e a bolsa

Em tempos de olímpiadas, interessante lembrar as diversas “provas” que passamos enquanto investidores. No mês de julho, destacamos os principais temas da macroeconomia.

  • Atividade econômica: retomando e surpreendendo positivamente. Crescimento do PIB acima de 5% em 2021. Retomada mais consistente da economia mundial e brasileira ainda depende do controle da pandemia. Retomada segue bastante desigual. Nesse caso, ganhamos medalha de ouro.

  • Inflação: segue pressionada no curto prazo. Choques de oferta e demanda mais elevada. Aqui, sem medalha. Os preços em alta estão pesando no bolso do brasileiro.

  • Emprego: a criação de vagas formais tem crescido acima das expectativas, mas a taxa de desemprego permanece bastante elevada. A retomada mais robusta do emprego é o principal desafio do momento. Nesse indicador, ganhamos o bronze. Conseguimos uma boa classificação com as novas contratações, mas a taxa de desemprego muito alta.
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  • Setor Fiscal: houve melhora no curto prazo. Risco fiscal reduzido em 2021. Isso significa que os problemas estruturais das contas públicas estão distantes de serem resolvidos. Medalha de prata nas provas rápidas, com melhora no curto prazo e boa atuação para estimular em um cenário de pandemia. Só não é ouro por alguns tropeços na reta final da prova.

  • Setor Externo: balança comercial batendo recorde (commodities e real depreciado). Investimento estrangeiro abaixo do esperado. Ouro na balança comercial e desempenho esperado aquém do desejo na “prova” do investimento direto no país (IDP). Já o investimento estrangeiro em carteira merece prata.
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  • Política Monetária: Banco Central sinalizando que buscará o nível neutro da taxa de juros. Selic projetada entre 6,5% e 7,5% para o fim de 2021. E o processo de normalização poderia terminar com a taxa acima de 8% em 2022. Aqui, ainda precisamos treinar para garantir medalha. Talvez no próximo ano, quando a inflação desacelerar.

  • Economia mundial: crescimento esperado de 6% em 2021. Medalha de prata pela recuperação econômica, em especial das economias avançadas. Só não leva o ouro pela retomada bastante desigual da economia internacional.

Em resumo, estamos conseguindo “medalhas” importantes com a retomada econômica, mas a pandemia requer atenção para a concretização desse cenário positivo, com ida ao “pódio”.

Assim, entre os principais riscos para o cenário de retomada econômica mais consistentes, estão:

(i) piora da pandemia;

(ii) crise hídrica;

(iii) aceleração inflacionária;

(iv) cenário político;

(v) piora do lado fiscal.

Nesse contexto, o mercado revisou as estimativas para o desempenho da economia em 2021. Conforme o Relatório Focus do Banco Central divulgado com informações divulgadas no último dia 02 de junho, mas com a coleta de dados até o último dia 30 de julho, viu-se a sinalização de crescimento maior do PIB brasileiro, inflação e juros mais elevados, como pode ser visto na tabela 1. E como poder ser observado, a expectativa para o fechamento do IPCA em 2021 foi de 5,97% em junho/21 para 6,79% em julho/21. Já o IGP-M, na mesma comparação, passou de 19,12% para 19,17%. Por isso, a expectativa para a Selic no fechamento desse ano passou de 6,5% para 7,5%. E o crescimento esperado do PIB para 2021 aumentou de 5,05% para 5,3%.

E diante desse ambiente macroeconômico, como foram “as olímpiadas da bolsa brasileira” em julho/21 e como está a classificação em 2021 até fim do mês passado? Conforme podemos ver no gráfico 1, não tivemos prêmios em julho/21. O Ibovespa fechou o mês com queda de 3,94% em função de maior aversão ao risco, especialmente em relação aos países emergentes e interferências do governo da China.

Assim, nesse cenário de aversão ao risco, os investidores têm aproveitado para realizar lucros. Ademais, entre os fatores apontados para a realização, estão a piora na perspectiva fiscal e alguns resultados das companhias abaixo do projetado no Brasil e no exterior. Então, como ficou a classificação de julho/21? Como dissemos, sem “medalhas”. As empresas do setor imobiliário, como é possível verificar no IMOB, ficaram na última posição nessa “prova dos índices”, pois apresentaram recuo de 6,03% em julho. O setor industrial, visto pelo INDX, teve o desempenho menos pior no período, recuando 1,05%.

Fonte: B3

E como está a competição em 2021? Algum índice setorial está no “pódio” até o fechamento de julho/21? Sim, nessa comparação temos medalha.

No gráfico 2, observamos que o “ouro”, como conquistaram os nossos atletas olímpicos, Ítalo Ferreira e Rebeca Andrade, ficou com o IMAT (+24,43%), índice ligado as commodities, fortemente influenciado pela retomada da economia. Já a “prata”, como conseguiram Kelvin Hoefler, Rayssa Leal (a Fadinha) e Rebeca Andrade, ficou com o INDX (+12,64%), índice relacionado ao setor industrial brasileiro, que tem se beneficiado da recuperação da economia brasileira, sobretudo pela maior demanda por bens. E seguindo na nossa classificação, o “bronze”, como conquistaram os judocas gaúchos Mayra Aguiar e Daniel Cargnin, e outros atletas brasileiros, ficou com o MLCX (5,53%), índice relacionado as empresas de maior capitalização. Já os últimos lugares na “prova” do ano, estão com as IEE (-5,67%), índice relacionado as empresas do setor elétrico, e o IMOB (-12,56%), indicador ligado ao setor imobiliário.

Fonte: B3

Por fim, cabe destacar que seguimos atentos, buscando rentabilidade com controle de risco e liquidez ao longo dos anos, não só em uma “olímpiada”. Algo que estamos conquistando desde 2002. Visualizamos que o cenário é de retomada do crescimento, mas com pressão de custos. Por isso, atentos as nossas posições de forma avaliar mudanças conjunturais e estruturais durante e após a resolução da pandemia. E como colocamos no início dessa carta, consideramos como principais riscos para a retomada:

(i) a piora da pandemia;
(ii) a crise hídrica;
(iii) a aceleração inflacionária;
(iv) o cenário político;
(v) a piora do lado fiscal.

Assim, ressaltamos mais uma vez que seguimos observando as alterações no cenário econômico e no ambiente das empresas para modificar os nossos portfólios conforme novas informações e análises sejam realizadas de modo a alterar nossa avaliação em relação aos papéis que estamos investindo e novas ações sejam passíveis de investimento.

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