O controle da inflação é um dos destaques de uma matéria especial produzida para o Caderno Perspectivas 2022 do Jornal do Comércio, do qual o economista-chefe da Geral Asset, Denilson Alencastro, participou. Leia um trecho da matéria escrita pelo jornalista Marcelo Beledeli e acesso o conteúdo completo aqui.
Assim como 2020, o ano de 2021 foi marcado pelas sequelas que a “destruição econômica” gerada pela pandemia de Covid-19 deixou. Uma das consequências mais importantes foi a inflação, que sobe em todo o mundo.
No Brasil, além de sofrer os efeitos de altas internacionais de preços, em especial de commodities, a inflação é alimentada pela elevação dos riscos internos relacionados aos aumentos de gastos pelo governo federal. Somados à alta taxa de desemprego em 13,2%, atingindo 13,7 milhões de trabalhadores, segundo a última pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) esses fatores vêm impedindo previsões mais otimistas em 2022, alertam especialistas.
Em novembro, a inflação medida pelo IPCA acumulado em 12 meses atingiu 10,74%, o maior índice desde novembro de 2003. Segundo a última pesquisa Focus, do Banco Central (BC), a previsão do mercado financeiro é de que o IPCA em 2021 fique em 10,05%.
“A crise da Covid-19 se mostrou inflacionária. Não porque o choque inicial da pandemia era inflacionário, mas porque a combinação de ter restrições para a população produzir com uma resposta ultra agressiva dos governos e bancos centrais do mundo com auxílios econômicos para reverter esse choque fez com que houvesse ambiente pouco favorável para a produção e muito favorável para o consumo. Em mundo em que você produz pouco e compra muito, os preços sobem”, explica Pedro Ramos, economista-chefe do Sicredi.
Além do choque de ofertas, houve problemas de gargalos na cadeia de produção, com aumento de valor de transportes, combustíveis e falta de produtos e insumos.
“No Brasil também tivemos o preço da energia subindo, com o risco de um novo racionamento devido às poucas chuvas. O clima também atrapalhou a oferta de alimentos, que já estavam caros no mercado internacional”, lembra Denilson Alencastro, economista-chefe da Geral Asset.
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Para conter a pressão inflacionária, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC promoveu uma radical elevação dos juros básicos da economia. Entre janeiro e dezembro, a taxa Selic aumentou 7,25 pontos percentuais, passando da mínima histórica de 2% ao ano para 9,25% ao ano. Esse movimento deve prosseguir em 2022. O Copom já alertou que, na primeira reunião do próximo ano, a Selic deve ser elevada para 10,75% ao ano, mas o mercado financeiro já aposta em uma taxa de até 11,50% no final de 2022.
“Esse nível de taxa de juros deve sim ter efeito no controle de preços, com certa defasagem, em meados de 2022. É muito provável que a inflação do ano que vem, se extrapolar a meta do BC, que é de 3,50% ao ano, com teto em 5%, não fique muito acima desse objetivo”, afirma Fernando Marchet, CEO da Bateleur. Para 2022, a última pesquisa Focus do BC prevê uma inflação de 5,02% ao ano.