Diante da finalização da divulgação dos resultados referentes ao primeiro trimestre de 2021 de companhias abertas e das expectativas crescentes para a expansão do PIB neste ano, divulgadas semanalmente no Boletim Focus, a expectativa é de retomada gradual para economia brasileira. O cenário foi reforçado também na Ata do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada após a reunião que elevou mais uma vez a taxa básica de juros (SELIC):
“Em relação à atividade econômica brasileira, indicadores recentes mostram uma evolução mais positiva do que o esperado, apesar de a intensidade da segunda onda da pandemia estar maior do que o antecipado. Prospectivamente, a incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia ainda permanece acima da usual, mas aos poucos deve ir retornando à normalidade”, conforme o documento.
Junta-se a esse quadro a continuidade de estímulos fiscais internacionais que reforçam o otimismo externo que tem influenciado os negócios nas bolsas de valores. O cenário foi tema da Carta do Gestor deste mês de maio.
Na Ata divulgada pelo Copom no último dia 11, a avaliação é de que determinados fatores reforçam a perspectiva de crescimento econômico robusto durante o ano:
- -os avanços na implementação dos programas de imunização contra a Covid-19;
-os novos estímulos fiscais em alguns países desenvolvidos;
-e a comunicação dos bancos centrais das principais economias de que os estímulos monetários terão longa duração.
Os membros do Copom discutiram a evolução da atividade econômica doméstica à luz dos indicadores e informações disponíveis. Eles consideraram que, a despeito da intensidade da segunda onda da pandemia ter sido maior que a esperada, os últimos dados disponíveis de atividade têm surpreendido positivamente.
Diante disso, para o Comitê, o segundo semestre do ano deve mostrar uma retomada robusta da atividade, na medida em que os efeitos da vacinação sejam sentidos de forma mais abrangente.
Inflação
A escalada dos índices de inflação representa um risco que compõem esse quadro. De acordo com o Copom, os riscos remetem a ambas as direções:
- de um lado o processo de recuperação econômico pode ser mais lendo do que o estimado e refletir em uma trajetória inferior da inflação em relação ao que se espera.
- Por outro, há o risco de continua elevação dos preços ao consumidor diante dos prolongamentos das políticas fiscais expansionistas como resposta à pandemia.
A piora das contas públicas ou frustrações em relação a reformas que estão sendo anunciadas no Brasil podem pressionar ainda mais os prêmios de risco no País e influenciar o quadro. Junta-se a isso o risco de um aumento duradouro da inflação nos Estados Unidos, que poderia tornar o ambiente para as economias emergentes mais desafiador.
Hoje, o cenário de inflação, medido pelo IPCA, segundo o IBGE, é este:
O IPCA de abril subiu 0,31%, abaixo do valor divulgado em março (0,93%). Assim, o índice acumula alta de 2,37% no ano e de 6,76% nos últimos 12 meses. Em abril de 2020, a variação havia sido de -0,31%. A principal influência desse resultado foi o aumento dos preços dos produtos farmacêuticos (2,69%), que foram também o principal impacto no índice geral. A projeção é de que o IPCA feche com alta em torno de 5,4%.
As expectativas de inflação para 2021, 2022 e 2023 apuradas pela pesquisa para o Boletim Focus encontram-se em torno de 5,0%, 3,6% e 3,25%, respectivamente.