Um resumo do que tivemos até aqui e os direcionadores para o segundo semestre
A alusão a um passeio em uma montanha russa foi usada pela equipe da Geral Asset para relembrar o primeiro semestre de 2020 na Carta do Gestor enviada aos clientes neste mês de julho.
Iniciamos o ano bastante confiantes. O mercado partia dos 115 mil pontos e rumava tranquilamente para outras máximas. Em 23 de janeiro chegamos na máxima histórica, aos 119.528 pontos. As notícias sobre o COVID-19 já circulavam, mas ainda era distante. No Brasil vivíamos a euforia de um ano em que ocorreriam reformas estruturais, teríamos uma perspectiva fiscal mais equilibrada e conviveríamos com juros baixos por um longo período de tempo.
No dia 12 de fevereiro, o Ibovespa estava nos 116.674 pontos. As notícias sobre casos de coronavírus na Europa já chegavam, mas nas Américas o cenário ainda era tranquilo. Aparentemente ainda víamos os próximos metros do trilho à frente. A quarta-feira de cinzas trouxe a primeira queda expressiva da bolsa, com praticamente 7% de desvalorização em uma tarde de negócios. A partir desse dia vimos uma sequência de circuit breakers que nos levou aos 63.570 pontos no dia 23 de março.
Enfim, ao contrário do esperado, os mercados mundiais iniciaram uma recuperação. A reabertura da China, antes foco da doença, foi o primeiro alento. Os bancos centrais ao redor do mundo diminuíram suas taxas e injetaram dinheiro na economia. A partir daí, vieram indicações de que a recuperação econômica global poderia ser mais rápida que o esperado. A Europa começou a reabrir, os temores com relação a uma segunda onda de infecções diminuíram, virou festa. As bolsas americanas estão próximas das máximas. O Ibovespa está perto dos 100 mil pontos e, dependendo do momento da leitura, pode até já ter ultrapassado esse patamar.
Caímos, achamos que o mundo iria acabar, não acabou, batemos no fundo (?), voltamos, reabrimos os países, aumentaram as contaminações e continuamos sem uma noção clara sobre o que é esse vírus.
Na nossa visão isso comprova que o nível de incerteza segue muito alto e que boa parte dos especialistas, na hora da verdade segue um comportamento de manada. A grande verdade de tudo é não se sabe por quanto tempo essa contaminação seguirá, se haverá uma segunda onda, e muito menos a profundidade do dano disso tudo nas economias.
O que sabemos até aqui?
- Praticamente todos os laboratórios, empresas farmacêuticas e centros de pesquisa do mundo estão desenvolvendo e tentando chegar o quanto antes em uma vacina;
- Os juros estão extremamente baixos e seguirão assim ainda por muito tempo;
- As boas empresas, aquelas sólidas, rentáveis e capitalizadas, seguirão assim e conseguirão ultrapassar as dificuldades.
A partir do que sabemos e do que não sabemos, a nossa decisão como equipe de gestão foi realizar compras de empresas que acreditamos enquanto a bolsa caía. Fomos gastando parte do nosso caixa ao longo da queda e seria muita desonestidade dizer que sabíamos até onde os preços se depreciariam. Como nós e nem ninguém fazia ideia disso, fomos comprando conforme os preços pareciam atrativos. Ainda temos caixa e vamos utilizá-lo conforme boas oportunidades forem surgindo.
Buscamos sempre entregar resultados positivos aos nossos clientes, mesmo no curto prazo. No entanto, o curto prazo é cruel e, de novo, ninguém sabe para onde vai. O que está no nosso controle é selecionar bons ativos a valores atrativos.
O que podemos esperar
Ao longo do mês de junho ainda tivemos algumas empresas divulgando seus resultados referentes ao primeiro trimestre do ano (1T20). Como o período foi impactado pela contaminação praticamente apenas no mês de março, os números não refletiram o impacto nas empresas.
Vamos conseguir verificar os impactos reais nos balanços do segundo trimestre (2T20), que começarão a sair nas próximas semanas.
No entanto, acompanhando os dados e os comunicados do 1T20, bem como do que estamos acompanhando na vida real, sabemos os números do 2T20 serão na média horrorosos. Não adianta querer florear. Com exceção de alguns segmentos específicos, como as empresas ligadas às atividades essenciais (saúde e alimentação), algumas exportadoras e algumas empresas de tecnologia, o resto trará números ruins.
Isso quer dizer que só podemos investir nessas empresas? Óbvio que não. A divulgação de informações é razoavelmente bem difundida, então o que estamos comentando aqui não é novidade para a maioria. Logo, as empresas que tendem a se beneficiar desse momento já estão com os preços ajustados à realidade. Ainda assim, existem ótimas empresas que estão negociando a preços atrativos, mesmo que o curto prazo não seja o mais favorável.
Como o curto prazo é terra de ninguém, estamos posicionando nossas carteiras para a maratona, e não para o tiro de 100 metros.
Utilizando a analogia com um passeio em uma montanha russa, talvez estejamos na metade do passeio na montanha russa, um pouco antes, um pouco depois, não sabemos. Ainda há a possibilidade de vermos mais quedas, rodopios e piruetas no meio do caminho. Mas não é só isso. Conforme o caminho for ficando mais claro, vamos enxergando o ponto de partida. Depois de tantas quedas e emoções, para voltar ao ponto inicial obrigatoriamente teremos que subir.
Voltando ao patamar inicial, outras aventuras talvez não se mostrem tão intensas quanto essa última. Além de nos deixar mais preparados, ficamos mais tranquilos e prontos para buscar patamares mais elevados.
Assim como na história da montanha russa, sentimos medo, nos preocupamos, mas sabemos que há engenheiros, projetistas e profissionais responsáveis e que se preocupam com a nossa segurança. Assim como esses profissionais, nós da Geral Investimentos tomamos todo o cuidado com os seus investimentos. As quedas acontecem e seguirão ocorrendo, mas trabalhamos para que, no final, a sensação de investir seja boa e prazerosa. Que o resultado de tomar o risco de investir em renda variável traga os frutos que esperamos colher quando iniciamos esse caminho.
Que venha a outra metade do passeio!