A decisão em manter a taxa básica de Juros, a Selic, em 6,5% ao ano, na segunda reunião do ano e a primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) sob a coordenação do novo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, está envolta por diversas questões.
Confira aqui a nota com o anúncio do Copom.
Abaixo, segue uma análise baseada em dados avaliados e analisados pela equipe de Gestão da Geral Asset.
Uma delas é a redução nas expectativas de crescimento mundial, divulgadas recentemente por organismos internacionais como FMI, OCDE e ONU. Elas são justificadas por um cenário geral mais desafiador. Com a desaceleração da China permanecendo como uma incógnita, se agravando pela questão da Guerra Fiscal com os Estados Unidos. Com a economia europeia também reduzindo e expectativas de que o ciclo de crescimento americano chegue ao fim.
Diante disso, as taxas de juros das principais economias devem ser mantidas, sinalizando que o fluxo financeiro mundial deve continuar direcionado a economias emergentes como o Brasil. Portanto, do ponto de vista interno, significa a permanência do investidor estrangeiro na bolsa de valores. Porém, de outro modo, um cenário mais desafiador para a retomada da economia doméstica. Isso reflete diretamente em setores domésticos como de consumo e imobiliário, à medida que a economia brasileira não está tendo uma retomada em um ritmo mais rápido.
Esse quadro pode ser visto pela queda nos índices setoriais da B3 e continua refletindo nos indicadores de confiança. De maneira geral, eles apresentaram uma queda no mês de fevereiro. Segundo avaliação da Superintendência de Estatísticas Públicas da FGV/IBRE, a redução foi motivada pela calibragem das expectativas, que vinham evoluindo fortemente nos meses anteriores. Apesar da queda no mês, o Índice de Expectativas permaneceu ligeiramente acima dos 100 pontos, retratando um otimismo tímido em relação aos próximos meses. O resultado sustenta a tese de que, passado a lua de mel do novo governo, a retomada da confiança empresarial está limitada enquanto os níveis de incerteza econômica permanecerem elevados.
O gráfico mostra que a confiança está evoluindo, mas ainda não voltou a patamares de relativa confiança na economia, que é acima dos 100 pontos.