O cenário e “poréns”
O mês de junho tem início com uma valorização de 11,72% do Ibovespa, revertendo à perda para -15,57% dos – 40% que chegou a ter em 2020 (números até o fechamento do pregão de 08/06). A aproximação dos cem mil pontos, com os atuais 97.644 pontos, estimulou casas de análise a aumentarem suas estimativas para o tamanho da retomada, especialmente na bolsa de valores.
Apesar disso, os especialistas da Geral Asset consideram que o momento deve ser de cautela diante das expectativas e até das oportunidades de pechincha que podem aparecer na B3.
Ainda não existe clareza quanto à retomada ou da abertura da economia, nem do tamanho que será o tombo para as empresas.
A perspectiva é de uma queda do PIB esteja entre -10% e -15% no segundo trimestre. No ano, as estimativas divulgadas no Boletim Focus estão próximas dos 6,5%.
O fato é que, respondendo às expectativas desenhadas no mercado financeiro, o dólar respalda o cenário e apresenta uma queda de – 9,9% no mês. Apesar da valorização de mais de 20% frente ao real no ano.
Justificativas
Esse movimento de euforia recente está relacionado à alta liquidez do mercado internacional. Os estímulos dos Bancos Centrais se mantiveram ao passar dos meses e há uma sinalização, especialmente do Banco Central Americano, o FED, de ser o instrumento de “salvação”.
Nos Estados Unidos, o fôlego monetário está na ordem de 4,3 trilhões de dólares. Na Europa, o BCE fez novo aporte de 600 bilhões de euros. O fato é que os estímulos para a saída da crise são sem precedentes na história de crises mundiais.
Também deu uma ajuda ao cenário os dados americanos mais recentes de desemprego. A estimativa era da ordem de 8 milhões. Mas o mês de maio fechou com a criação de 2,5 milhões de vagas.
E até a projeção sobre como poderá ser a retomada desta crise teve um efeito positivo. Em vez de ser em “V”, como na maioria das crises e de ter um culpado, ela está sendo tratada como “um acidente natural”. E a recuperação é vista como o símbolo da Nike.
Riscos
O cuidado diante da euforia é necessário porque as condições de reversão ou de não continuidade do processo de retomada mais rápida ou consistente estão dadas:
- Há chances grandes de uma segunda onde da Covid-19;
- É fato que é possível de prever como será essa retomada e o “novo normal” ao qual passamos a nos referir;
- Há possibilidades de exacerbação de conflitos internacionais já existentes ou do aumento do protecionismo no novo mundo pós-pandemia;
- No Brasil, podemos ver um agravamento da crise política, apesar da aproximação do “centrão” que o Governo Federal vem fazendo;
- A piora na saúde fiscal do Brasil é algo que pode afetar o médio e longo prazo, podendo afetar, inclusive, a manutenção deste patamar mínimo do juro básico.